Projeto inovador reforça o papel do município na agenda de restauração ecológica
O Projeto Conservador das Águas, do município de Extrema (MG), completa 20 anos em 2025 e se destaca como exemplo de política pública ambiental eficiente e inovadora. Lançado em 2005, o projeto nasceu com uma proposta pioneira: unir conservação ambiental e produção de água por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), incentivando financeiramente produtores rurais que adotassem práticas de restauração e preservação em áreas estratégicas para a recarga hídrica da bacia do rio Jaguari.
Referência nacional e internacional em restauração e conservação florestal, o diferencial do projeto está em sua capacidade de execução. Com forte base técnica, respaldo da legislação municipal e envolvimento direto dos proprietários rurais, o Conservador das Águas mostrou que é possível conciliar a produção rural com a conservação da natureza, gerando resultados concretos na qualidade e quantidade da água.
“Estamos comemorando 20 anos do Projeto Conservador das Águas, pioneiro no Brasil em pagamento por serviços ambientais e na condução de uma política pública local para promover a produção de serviços ambientais, como a produção de água, o sequestro de carbono, a conservação do solo, o saneamento e a preservação da paisagem”, afirma Paulo Henrique Pereira, biólogo e Secretário de Meio Ambiente de Extrema.

Para que projetos como esse deem certo, é fundamental que cada município se comprometa inicialmente com aquilo que consegue executar. A organização interna, o fortalecimento institucional e a busca por sustentabilidade financeira são pilares essenciais. Além dos desafios estruturais, também é necessário criar um ambiente político favorável à continuidade das ações. Nesse contexto, a comunicação torna-se uma ferramenta estratégica: é por meio dela que se constrói o senso de pertencimento e se engaja a população, especialmente os produtores rurais, nas políticas ambientais.
Os resultados alcançados até aqui mostram a força e o impacto do projeto: Mais de 3 milhões de árvores plantadas e conservadas; Mais de 3.000 hectares de áreas restauradas e conservadas; Mais de 700 nascentes protegidas; Mais de R$ 10 milhões pagos aos agricultores em forma de PSA; Mais de 300 empresas locais engajadas no programa Extrema no Clima, voltado à redução de emissões de gases de efeito estufa e à eficiência energética. Extrema é hoje um dos poucos municípios do Brasil que utilizam o mercado de carbono regulado localmente como instrumento para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A agenda ambiental também se apoia em receitas como as do licenciamento, IPTU e IPVA, o que garante recursos contínuos para aquisição de áreas prioritárias para conservação, restauração e produção de serviços ecossistêmicos.
Duas décadas depois, o Conservador das Águas se tornou um modelo de boas práticas que devem ser replicadas por mais cidades. O projeto inspirou outras importantes iniciativas, como o Conservador da Mantiqueira, o Conservador da Mata Atlântica e o Conservador das Gerais, todas com o mesmo propósito: valorizar o protagonismo dos municípios na conservação ambiental. Atualmente, o Plano Conservador reúne mais de 425 municípios em três estados (MG, SP e RJ) e tem como meta restaurar 1,5 milhão de hectares até 2030, promovendo a restauração ecológica em larga escala e contribuindo ativamente para o enfrentamento das mudanças climáticas.